Operação coordenada pelo Ministério Público de Santa Catarina resgatou dezenas de vítimas mantidas em cárcere privado e prendeu três suspeitos
Uma clínica terapêutica clandestina foi fechada em Itapoá-SC, na quarta-feira (22), durante a Operação Liberdade, coordenada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). No local, cerca de 30 pessoas foram resgatadas após serem encontradas em condições desumanas, sem profissionais de saúde e sem autorização para funcionamento.
Segundo o MPSC, três pessoas foram presas em flagrante, e 12 vítimas precisaram de atendimento de alta complexidade da assistência social do município. As demais foram encaminhadas para suas famílias ou para o serviço público de acolhimento. A audiência de custódia dos detidos ocorreu na tarde desta quinta-feira (23), em Joinville.
A operação foi conduzida pelo Promotor de Justiça Luan de Moraes Melo, da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Itapoá, com apoio da Vigilância Sanitária, da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Assistência Social do município. As investigações começaram após uma denúncia recebida na terça-feira (21), informando que pessoas estavam sendo levadas ao local desde 16 de setembro, vindas de outras unidades terapêuticas já interditadas.
De acordo com o promotor, o cenário encontrado foi de extrema gravidade.
“Algumas das pessoas foram sequestradas em casa, amarradas e dopadas. Todas eram mantidas ali sem direito de ir e vir, e sem livre comunicação, submetidas a repressões constantes, com agressões e doping através de uma mistura de medicamentos psiquiátricos chamada de ‘protocolo’. Ao final, todas deixaram o estabelecimento e foram realocadas a partir da Promotoria para suas famílias ou para a Assistência Social”, explicou.
As investigações apontam que a maioria das famílias havia autorizado a internação involuntária dos pacientes, que apresentavam transtornos relacionados ao uso abusivo de álcool e drogas. Mesmo assim, o tratamento oferecido era irregular, sem acompanhamento médico, sem prescrição adequada e em condições degradantes.
O promotor reforçou que o tratamento de dependências químicas deve ser acompanhado exclusivamente pela rede pública de saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e das Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSFs).
“A rede precisa funcionar. As pessoas não precisam pagar para que seus familiares sejam colocados nessas situações desumanas, como a que encontramos hoje”, alertou o promotor.








