Mais um caso de crueldade contra animais foi registrado em Guaratuba. No sábado (12), um gatinho foi encontrado vagando pelas ruas do bairro Coroados em estado crítico. Com sinais evidentes de esporotricose, uma grave infecção fúngica. O animal caminhava com dificuldade, desorientado, como se pedisse socorro.
Sensibilizada com a situação, uma protetora acolheu o gatinho com todo o cuidado. Em seguida, o grupo de proteção animal APAUG — Associação de Proteção Animal de Guaratuba, mobilizou uma campanha entre voluntárias para arrecadar fundos para o atendimento emergencial em uma clínica veterinária da cidade.
Apesar dos esforços, o diagnóstico foi ainda mais devastador: além da esporotricose, o gatinho apresentava sinais de envenenamento. O quadro clínico se agravou rapidamente, e infelizmente, o animal não resistiu.
“Ele foi cercado de carinho e teve uma despedida digna, mas nos revolta saber que poderia ter tido uma nova chance se não fosse vítima da maldade humana”, declarou Alessandra Raizer, integrante do grupo de proteção.
Mesmo com poucos recursos, a APAUG realiza um trabalho que vai muito além da sua responsabilidade. Com dedicação, o grupo enfrenta diariamente situações de abandono, maus-tratos e negligência, buscando salvar vidas e promover a conscientização da população.
Diante de mais um caso de violência contra animais, a população começa a questionar: quais políticas públicas o poder público tem desenvolvido em prol da causa animal? O município oferece atendimento específico para animais vítimas de maus-tratos? Existe algum local preparado para acolher e tratar esses animais?
As perguntas seguem sem respostas concretas, enquanto protetores voluntários continuam assumindo, sozinhos, uma responsabilidade que deveria ser compartilhada com o poder público.
O caso do gatinho não é isolado. O último final de semana foi marcado por diversos relatos e registros de animais mortos por envenenamento nos bairros Coroados e Barra do Saí. A comunidade está em alerta e pede ajuda das autoridades para identificar os responsáveis pelos crimes. Moradores pedem que qualquer informação sobre os suspeitos seja denunciada imediatamente à polícia.
LEIA TAMBÉM: Crueldade em série: moradores denunciam envenenamento de cães em Guaratuba
O episódio gerou comoção entre os voluntários e reforça um alerta importante: o bairro Coroados já registrou outras ocorrências de envenenamento de animais. Os protetores pedem investigação, medidas preventivas e ações de fiscalização para evitar novas tragédias.
“Até quando nossos animais vão pagar com a vida pela crueldade de alguns? Pedimos justiça e compaixão. Cada vida importa, e cada uma delas deixa um vazio que não se preenche”, conclui Ale.
A ONG reforça o pedido para que a população denuncie casos de maus-tratos e reforce o cuidado com os animais de rua.
A esporotricose é uma doença infecciosa causada por um fungo do gênero Sporothrix, que vive no solo, em plantas e matéria orgânica em decomposição. Ela afeta principalmente gatos, mas também pode atingir cães e seres humanos, por isso é considerada uma zoonose (doença transmissível entre animais e pessoas).
Como a esporotricose é transmitida?
- Nos gatos, o contágio ocorre por feridas, arranhões, mordidas ou contato com o fungo presente em ambientes contaminados.
- Para os humanos, a principal forma de contaminação é pelo contato direto com lesões de gatos infectados, principalmente ao ser arranhado ou mordido.
- O fungo entra no corpo através de feridas ou cortes na pele.
Sintomas em gatos:
- Feridas que não cicatrizam, principalmente no focinho, orelhas, patas e cauda.
- Nódulos subcutâneos que viram feridas com secreção.
- Em casos avançados: emagrecimento, secreção nasal, dificuldade para respirar.
Sintomas em humanos:
- Pequenas feridas ou caroços na pele que se transformam em úlceras.
- Lesões podem se espalhar ao longo dos vasos linfáticos.
- Em casos raros, pode afetar os pulmões ou articulações.
Como prevenir a esporotricose:
- Evite contato com gatos de rua ou com feridas abertas.
- Use luvas ao manusear gatos doentes.
- Leve seu animal regularmente ao veterinário.
- Mantenha os gatos dentro de casa, sem acesso à rua.
- Em caso de suspeita, isole o animal e busque atendimento veterinário imediatamente.
Tratamento:
- O tratamento é feito com antifúngicos de uso prolongado (geralmente itraconazol), podendo durar de 3 a 6 meses, ou até mais.
- Deve ser acompanhado por veterinário.
- Em casos graves, pode ser necessário internação ou cuidados intensivos.
- Em humanos, o tratamento também é com antifúngicos, sob orientação médica.
Importante:
- Nunca abandone ou sacrifique um animal com esporotricose. A doença tem tratamento e cura.
- Gatos infectados devem ser tratados com responsabilidade e isolados de outros animais e pessoas até a cura completa.
- O descarte de animais doentes contribui para a disseminação da doença.