A pesquisa divulgada nesta quinta-feira (17) pela Gazeta do Povo, do instituto Neokemp, revela muito mais do que números frios sobre intenções de voto ao Senado pelo Paraná. Ela escancara o cenário político de 2026: um eleitorado ainda fortemente influenciado pelo recall do Executivo estadual e, ao mesmo tempo, faminto por representantes com identidade clara, discurso firme e, se possível, sem rabo preso.
Com Ratinho Junior (PSD) na disputa, o jogo parece resolvido já no vestiário: ele lidera com impressionantes 47,6% das intenções de voto, mais que o triplo da segunda colocada, Cristina Graeml (Podemos), que marca 15,5%. Um número que grita não apenas popularidade, mas domínio político. Ratinho, se quiser, carimba a vaga no Senado como quem pega o elevador: sem esforço.
Mas a grande provocação está no Cenário 2, sem Ratinho. E aí, sim, a disputa esquenta. Cristina Graeml, jornalista conhecida pelo tom firme e posicionamentos conservadores, assume a dianteira com 18,2%, seguida de perto pelo veterano Alvaro Dias (15,9%), que parece tentar resistir ao tempo. É a disputa entre o novo nome do discurso firme e a velha raposa do Senado.
Aliás, chama atenção a performance dos candidatos da esquerda. Zeca Dirceu (PT), reflexo da péssima administração nacional, não decola. Oscila entre 8,7% e 9,9%, o que clara sintoma de rejeição ao lulismo no estado.
Outro nome que vale menção é Filipe Barros (PL), representante da ala bolsonarista raiz. Tem entre 6,3% e 9,8%, dependendo do cenário e do tipo de voto (primeiro ou segundo). Mostra fôlego, mas não empolga como esperavam os bolsonarismo puro sangue. Já Pedro Lupion (PP), ligado ao agro e à direita tradicional, patina em 2,6% — resultado pífio para quem deveria estar colado à base conservadora rural.
Em resumo, a pesquisa mostra que, com Ratinho na jogada, ninguém tem chance. Sem ele, o jogo é jogado, mas os protagonistas ainda são tímidos em representar uma verdadeira mudança.
Resta saber se o governador vai peitar a presidência. Uma coisa é certa: o eleitor do Paraná está mais atento do que nunca. E isso, por si só, já é um alívio democrático.
Por Cleomar Diesel