Primeira canonização conduzida pelo pontífice reúne mais de 80 mil fiéis e destaca exemplos de santidade para as novas gerações
O papa Leão XIV canonizou neste domingo (07), no Vaticano, os jovens Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati. A cerimônia, realizada na Praça de São Pedro, reuniu cerca de 80 mil pessoas e foi marcada pela presença de 36 cardeais, 270 bispos e centenas de padres.
Na abertura da celebração, o pontífice afirmou que os novos santos são exemplos de fé e de solidariedade:
“Carlo gostava de dizer que o céu sempre nos esperou, e que amar o amanhã é dar o melhor de nós hoje”, declarou Leão XIV.
Carlo Acutis: o primeiro santo millennial
Chamado de padroeiro da internet, Carlo Acutis conquistou devotos em todo o mundo por usar seu talento em computação para evangelizar online. Nascido em Londres em 1991 e criado em Milão, tornou-se católico ainda criança, dedicando-se diariamente à missa, ao rosário e à adoração eucarística.
Acutis morreu em 2006, aos 15 anos, vítima de leucemia, no mesmo dia de Nossa Senhora Aparecida. Foi beatificado em 2020, após a Igreja reconhecer o milagre da cura de uma criança brasileira em Campo Grande (MS).
Pier Giorgio Frassati: o jovem solidário
Outro canonizado foi o italiano Pier Giorgio Frassati, que viveu no início do século XX. Conhecido por ajudar os pobres e necessitados, morreu em 1925, aos 24 anos, vítima de poliomielite. Sua vida de fé e serviço também inspirou gerações de católicos.
Significado da canonização
Com a canonização, a Igreja Católica reconhece que os dois jovens viveram de forma santa e estão no céu. O gesto do papa Leão XIV marca sua primeira cerimônia de santificação desde que assumiu o pontificado, em maio deste ano.
A biografia de Carlo Acutis
Carlo Acutis é o primeiro santo da geração millennial. Ele nasceu em Londres (Reino Unido) em 3 de maio de 1991. Na época, seus pais, ambos originários da Itália, moravam em Londres, onde seu pai trabalhava. Carlo foi batizado duas semanas após seu nascimento.
No outono daquele ano, a família retornou a Milão, onde Carlo frequentou a escola primária no Instituto Tommaseo, administrado pelas Irmãs de Santa Marcelina (Marcelinas). Ele foi autorizado a receber sua Primeira Comunhão aos sete anos de idade no Mosteiro das Eremitas Ambrosianas em Bernaga di Perego (Lecco).
Ao longo de sua vida, Carlo demonstrou profunda devoção à Eucaristia. Participava da Missa todos os dias e fazia uma “comunhão espiritual” nos dias em que estava ocupado com os estudos. Frequentemente realizava pequenos sacrifícios em reparação pela falta de amor demonstrada a Jesus na Eucaristia e contava histórias sobre isso aos seus amigos. Suas palavras, “A Eucaristia é minha auto-estrada para o céu”, tornaram-se famosas.
Após o ensino fundamental, matriculou-se no clássico Instituto Leone XIII, em Milão, fundado pela Companhia de Jesus. Além de suas atividades escolares, foi catequista em sua paróquia, Santa Maria Segreta, em Milão, onde aprendeu a projetar e criar páginas web enquanto trabalhava no site da paróquia com um aluno de engenharia da computação. Desenvolveu tamanha paixão por esse tipo de trabalho que, no verão de 2006, projetou um site para um projeto de promoção do voluntariado em sua escola e trabalhou na página da Pontifícia Academia Cultorum Martyrum, da qual sua mãe participava. Ele também usou o computador para criar um layout para a oração do Rosário.
Carlo era um adolescente alegre e extrovertido, de bom coração. Não escondia sua fé e seu amor por Jesus. Estava sempre disposto a ajudar um colega necessitado e era amigo dos pobres de sua vizinhança, dando-lhes parte de sua mesada quando pediam ajuda. Ele costumava dizer: “Estar sempre perto de Jesus, esse é o meu projeto de vida”. Enquanto passava parte das férias de verão em Assis (Perúgia), adotou a espiritualidade franciscana de alegria, contemplação e respeito pela criação, busca pela paz e proximidade com os mais necessitados.
Em outubro de 2006, foi diagnosticado com uma forma agressiva de leucemia. Em poucos dias, sua saúde piorou. Ele ofereceu seu sofrimento ao Santo Padre, pelo bem da Igreja e pela esperança de ir para o céu. Após ser internado no Hospital San Gerardo, em Monza, recebeu o Sacramento da Unção dos Enfermos. Em 12 de outubro de 2006, aos 15 anos e 5 meses, Carlo faleceu.
Seu corpo foi sepultado inicialmente no túmulo da família em Ternengo (Biella) e, posteriormente, transferido para o cemitério de Assis. Há alguns anos, ele é conservado no Santuário do Despojamento, na mesma cidade de São Francisco, onde é exposto à veneração de um grande número de fiéis provenientes de todo o mundo.
Apenas cinco anos após a morte de Carlo, foi fundada em Milão a Associação “Amigos de Carlo Acutis”, com o objetivo de promover sua causa de beatificação e canonização. A investigação diocesana foi realizada em Milão entre 2013 e 2016 e, em 5 de julho de 2018, o Papa Francisco autorizou a então Congregação para as Causas dos Santos a promulgar o decreto declarando que Carlo havia praticado as virtudes cristãs em grau heroico.
Sucessivamente, o mesmo Papa reconheceu o primeiro milagre atribuído à intercessão de Carlo, ocorrido na Arquidiocese de Campo Grande (Brasil), em 2013. Isso possibilitou a celebração de sua beatificação em 10 de outubro de 2020, na Basílica Superior de São Francisco, em Assis.
Por fim, o Papa Francisco, ao aprovar um segundo milagre realizado por Deus por intercessão do Beato Carlo Acutis, ocorrido em Florença em 2022, abriu caminho para sua canonização.
Fonte: Vatican News