O litoral norte de Santa Catarina se prepara para um salto histórico em seu desenvolvimento. Itapoá, com maior faixa litorânea do estado de Santa Catarina, vai receber uma obra inédita no Brasil: o alargamento de praia a partir da areia retirada da dragagem de um canal.
Assinada em agosto, a intervenção prevê a retirada de 12,5 milhões de metros cúbicos de sedimentos da Baía da Babitonga. Desse total, 6,4 milhões serão destinados à orla de Itapoá, praticamente o dobro do que Balneário Camboriú recebeu em sua megaobra. O restante terá destinação ambiental controlada, em alto-mar. O volume movimentado impressiona: o equivalente a uma montanha de 200 metros de altura.
Além de recuperar áreas atingidas pela erosão marítima, a obra promete transformar a orla num novo cartão-postal. O alargamento garantirá pelo menos 30 metros extras de faixa de areia para banhistas ao longo de 10 quilômetros – e, em alguns trechos, mais de 100 metros. Para uma cidade que em agosto chegou a decretar situação de emergência por conta da erosão costeira, o projeto representa um divisor de águas.
O investimento é igualmente grandioso: R$ 324 milhões, viabilizados por uma parceria público-privada. O Porto de São Francisco do Sul aportará R$ 24 milhões, enquanto o Terminal Portuário de Itapoá entrará com R$ 300 milhões, a serem amortizados até 2037.
No plano econômico, o impacto também será profundo. A dragagem vai aumentar a profundidade do estuário, permitindo a entrada de navios de até 366 metros. Hoje, o limite é de 336 metros. O avanço coloca a Baía da Babitonga em posição de destaque mundial na logística portuária, consolidando ainda mais o complexo que já responde por mais de 60% da movimentação portuária catarinense em toneladas.
A obra ainda depende de autorização ambiental do Ibama e da conclusão do projeto executivo, mas já carrega consigo uma mensagem inequívoca: o litoral norte de Santa Catarina não é mais apenas uma região de belas praias e refúgio turístico; é um polo de desenvolvimento estratégico para o país.
Com um terceiro porto já projetado para Itapoá, a cargo da Coamo, e investimentos bilionários que unem governo e setor privado, a cidade fronteiriça com o Paraná desponta como protagonista de uma nova fase. Entre o turismo, a proteção costeira e o fortalecimento econômico, Itapoá pode se tornar o símbolo da integração entre preservação ambiental, infraestrutura e crescimento.
O que se desenha no horizonte é mais do que uma obra de engenharia: é a construção de um novo tempo para Santa Catarina, em que a cidade de 32 quilômetros de litoral deixa de ser apenas um destino promissor e se torna referência nacional em inovação costeira e logística portuária.