A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou nesta sexta-feira (26) a aplicação da bandeira vermelha patamar 1 na conta de luz. Isso significa um acréscimo de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. A decisão é motivada pela redução das chuvas e pelo baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, o que obriga o acionamento de usinas termelétricas — mais caras — para garantir o fornecimento de energia.
Nos meses anteriores, o cenário foi ainda mais desfavorável, com a adoção da bandeira vermelha patamar 2. Apesar do avanço da geração solar, a Aneel ressalta que ela é intermitente, não cobre todo o dia nem os horários de pico, o que mantém as termelétricas essenciais para a estabilidade do sistema elétrico.
Bandeiras tarifárias: como cada cor impacta sua conta
Criado em 2015, o sistema de bandeiras tarifárias informa ao consumidor o custo da geração de energia e permite ajustar o consumo conforme o cenário. Os níveis são:
- Bandeira verde – condições favoráveis; sem acréscimo na tarifa.
- Bandeira amarela – condições menos favoráveis; acréscimo de R$ 1,88 a cada 100 kWh.
- Bandeira vermelha – patamar 1 – geração mais cara; acréscimo de R$ 4,46 a cada 100 kWh.
- Bandeira vermelha – patamar 2 – condições ainda mais custosas; acréscimo de R$ 7,87 a cada 100 kWh.
Conta de luz mais cara: o consumidor paga a conta
Em um momento em que o preço da comida já aperta o orçamento das famílias, o brasileiro enfrenta mais um aumento na energia. Em outubro, entra em vigor a bandeira vermelha patamar 1, com custo adicional de R$ 4,46 a cada 100 kWh. Quando falta chuva e os reservatórios baixam, as concessionárias não arcam com o prejuízo — apenas repassam o custo ao consumidor, com aval do governo. Qual outro setor tem esse privilégio?
Enquanto empresas comuns precisam cortar gastos ou rever estratégias em tempos difíceis, o setor elétrico aciona termelétricas mais caras e transfere a conta ao usuário. O sistema de bandeiras, criado em 2015, transformou-se em um mecanismo permanente de cobrança extra.
O Senado aprovou energia gratuita para famílias de baixa renda inscritas no CadÚnico, o que pode beneficiar até 60 milhões de pessoas. Mas quem não está nesse grupo segue arcando com aumentos sucessivos. Até quem investiu em energia solar, tentando fugir das tarifas, teme novas cobranças fixas e mudanças nas regras que prejudiquem o retorno do investimento.
No fim, a lógica é sempre a mesma: quando o “combustível” do negócio falta, as empresas aumentam o preço — e o cidadão que se vire para pagar.