Nesta quinta-feira, 1º de agosto, o brasileiro amanheceu com mais um presente de grego vindo do governo federal: entrou em vigor o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, que passou de 27,5% para 30%. A medida, vendida como ecológica e estratégica, na prática pode pesar no bolso e até provocar dores de cabeça mecânicas para milhões de motoristas país afora.
Um retrocesso disfarçado de avanço
Oficialmente, o governo afirma que a mudança ajuda na redução de emissões de carbono e fortalece o setor sucroenergético.
A Gazeta Informativa pesquisou o que especialistas dizem sobre o assunto e pasmem! Como quase tudo por aqui, o que parece bonito no papel esconde mais uma armadilha para o contribuinte. Afinal, o etanol tem menor poder calorífico do que a gasolina — ou seja, com mais etanol na mistura, o carro faz menos quilômetros por litro. É simples: mais visitas ao posto, mais dinheiro gasto, e tudo isso em um país onde o combustível já figura entre os mais caros do mundo em proporção à renda.
Especialistas apontam uma perda de até 5% no rendimento médio. E quem sofre mais? Justamente os donos de veículos mais antigos, os que não têm carro flex ou que não têm acesso a oficinas especializadas. Aqueles que dependem do carro para trabalhar, fazer entrega, levar os filhos para a escola. Gente que não está no radar de Brasília.
Prejuízo mecânico à vista
Os efeitos colaterais da medida não param por aí. A nova proporção de etanol pode provocar:
- Corrosão de peças em carros não flex (sobretudo os fabricados antes de 2009);
- Falhas na ignição, marcha lenta irregular e luz da injeção acesa em veículos com centrais eletrônicas não programadas para essa mistura;
- Problemas em motos, roçadeiras, geradores e motores pequenos, que tendem a apresentar falhas ou parar de funcionar de vez.
Além disso, há um risco real de aumento de poluentes nos escapamentos de carros desregulados, o que ironicamente joga contra o discurso ambiental que justifica a medida.
A conta sempre chega para quem já paga demais
Tudo isso poderia ser evitado com planejamento, seriedade e, principalmente, respeito ao consumidor brasileiro. Mas, como de costume, decisões são tomadas sem qualquer diálogo com a sociedade, e o resultado é um empurrão para baixo na já combalida qualidade de vida da população.
A mesma quinta-feira em que sobe o etanol na gasolina também marca a entrada em vigor da bandeira vermelha na conta de luz — o custo mais alto de energia. Coincidência? Dificilmente. É o Brasil em sua versão mais crua: o país onde se promete muito, mas quem paga a conta é sempre o mesmo — o cidadão comum.
Dica final para quem não pode contar com o governo:
- Prefira gasolina aditivada de qualidade;
- Faça manutenção preventiva regularmente;
- Se o carro fica muito tempo parado, use aditivo estabilizante no combustível.
Por Cleomar Diesel