Têm explicação os sucessivos atrasos no lançamento do “Brasil Soberano”, factoide produzido por Lula (PT), Fernando Haddad e companhia: Brasília sequer sabe se as sanções tarifárias impostas pelos Estados Unidos serão revistas — e aposta que ainda vem chumbo grosso. Nem mesmo a suposta reunião do ministro da Fazenda com o secretário do Tesouro norte-americano, Steve Bessent, crítico contumaz do STF e de Alexandre de Moraes, foi confirmada.
Enquanto isso, o Planalto se afunda em teatro e protocolos vazios. Na última segunda-feira (11), Geraldo Alckmin apresentou o plano a Lula em encontro que juntou dois desafetos notórios: Haddad e Rui Costa. A reunião, fora da agenda oficial, não teria sido nada amistosa — afinal, ambos disputam a bênção de Lula para a sucessão.
Na Fazenda, o clima é de pânico: não há sequer garantia de que o prometido crédito de R$ 30 bilhões exista de fato. A Confederação Nacional da Indústria já avisou que vai à Justiça contra o tarifaço, sem esperar salvação do governo federal, que parece mais preocupado em manter a encenação do que oferecer soluções concretas.
Já os estados brasileiros — sem a pompa de Brasília, mas com muito mais objetividade — estão reagindo com medidas reais e mensuráveis para proteger exportadores e empregos.
São Paulo lançou a linha de crédito “Giro Exportador” de R$ 200 milhões, juros subsidiados a partir de 0,27% ao mês + IPCA, prazo de até 60 meses e carência de 12 meses, além de estudos para liberar créditos acumulados de ICMS. Há ainda a informação de uma linha extra de R$ 400 milhões e liberação de R$ 1,5 bilhão em ICMS para exportadores.
Minas Gerais colocou R$ 200 milhões via BDMG e reduziu impostos para produtos que deixaram de ser exportados e ficaram no mercado interno.
Paraná mobilizou mais de R$ 400 milhões em crédito via Fomento Paraná e BRDE, aproveitando créditos de ICMS para monetização, giro e garantia, e estuda reforçar o Fundo de Desenvolvimento Econômico.
Rio Grande do Sul abriu programa de R$ 100 milhões via BRDE com juros entre 8% e 9% ao ano + 4% de IPCA, para empresas com exportações aos EUA em 2024 e 2025.
Goiás foi além: criou fundo creditório de R$ 628 milhões, metade em ICMS, metade de aporte privado, com juros 3 pontos percentuais menores que linhas federais.
Santa Catarina, Paraíba e outros estados também já elaboram pacotes semelhantes, focados no capital de giro e na competitividade de setores estratégicos.
Enquanto Lula e seu núcleo gastam tempo e saliva ensaiando discursos, governadores de diferentes partidos mostram que, quando há gestão e seriedade, a reação é rápida e concreta. O contraste não poderia ser mais gritante: no tablado federal, um espetáculo; nos estados, trabalho.