O governador Carlos Massa Ratinho Junior voltou a mostrar, nesta sexta-feira (31), em Londrina, que o Paraná segue na contramão das decisões de Brasília quando o assunto é educação especial. Em um discurso firme, o governador defendeu a manutenção e o fortalecimento das APAEs e das escolas especializadas no Estado — um modelo que, segundo ele, “funciona, dá resultado e respeita as famílias e os alunos com deficiência”.
A fala foi uma resposta direta ao novo decreto do governo federal que, sob o argumento da inclusão plena, pressiona os estados a colocar todos os alunos com deficiência em salas de aula regulares, reduzindo o papel das instituições especializadas. Para Ratinho Junior, trata-se de uma visão “distorcida” e “desconectada da realidade das famílias”.
“Lamentamos muito esse tipo de visão. O Paraná é o Estado que mais investe em educação especial por meio das nossas APAEs. São meio bilhão de reais por ano. Pela primeira vez na história estamos construindo novas unidades, em parceria com prefeituras e com a Assembleia Legislativa, porque entendemos que esse é um modelo que deu certo e dá muito certo”, afirmou o governador.
Ratinho Junior reforçou que não se trata de excluir, mas de incluir com responsabilidade. “Esse decreto federal é lamentável, e nós vamos lutar em defesa das APAEs, para que continuem fazendo o trabalho exemplar que realizam no Paraná”, declarou.
O governador também anunciou que vai mobilizar a bancada federal paranaense para garantir a manutenção das escolas especiais e a autonomia dos estados em suas políticas de educação inclusiva. “Aqui, nós fazemos inclusão com estrutura, com profissionais capacitados e com respeito. O Paraná não vai abandonar quem mais precisa”, disse.
Investimentos e resultados concretos
O modelo paranaense de educação especial é considerado referência nacional. O Estado investe cerca de R$ 480 milhões por ano em parceria com entidades filantrópicas que atendem 48 mil estudantes com deficiência intelectual, autismo e múltiplas deficiências, garantindo a manutenção das instituições e a equiparação salarial dos profissionais.
Até 2027, o investimento total previsto é de R$ 1,9 bilhão — um volume inédito de recursos públicos destinados à educação especial. O Paraná também está construindo 17 novas unidades próprias das APAEs, revertendo décadas de dependência de prédios adaptados e estruturas improvisadas.
Além disso, a Rede Estadual de Ensino atende mais de 100 mil alunos público-alvo da educação especial, com mais de 2 mil Salas de Recursos Multifuncionais e cerca de 10 mil profissionais especializados — entre professores, mediadores e tradutores de Libras.
Um modelo que respeita as diferenças
Ao contrário do que defende o novo decreto federal, o governo do Paraná sustenta que a inclusão não pode ser feita “no papel”, mas com base em condições reais de aprendizagem e suporte. O conceito de “inclusão responsável” adotado pelo Estado prioriza o desenvolvimento individual dos alunos, com o atendimento adequado para cada necessidade.
Criadas em 1954, as APAEs nasceram do esforço das famílias para oferecer dignidade e oportunidade a pessoas com deficiência. No Paraná, são 350 associações espalhadas por todas as regiões, que hoje atendem cerca de 45 mil estudantes.
Enquanto em muitos estados essas instituições ainda sobrevivem com doações e improviso, o governo paranaense decidiu dar um passo além: construir escolas próprias, modernas e acessíveis, com padrão de qualidade e apoio financeiro estável.
Em tempos de discursos prontos sobre “inclusão”, o exemplo do Paraná mostra que é possível incluir com respeito, técnica e sensibilidade. Ratinho Junior, ao defender as APAEs, não fala apenas de educação — fala de humanidade.






