O Dia do Gaúcho, celebrado em 20 de setembro, não é apenas uma lembrança da Revolução Farroupilha ou um feriado estadual do Rio Grande do Sul. É, sobretudo, um marco cultural que atravessa fronteiras e se transforma em filosofia de vida. Basta ver a presença dos CTGs (Centros de Tradições Gaúchas) espalhados pelo Brasil e pelo mundo — do Japão aos Estados Unidos, de Portugal ao Paraguai — como galpões de chão batido onde a chama crioula nunca se apaga.
O gaúcho não se define apenas pelo berço, mas pelo modo de viver: a devoção à família, o respeito às tradições, a convivência comunitária, a fé, a simplicidade campeira e, ao mesmo tempo, o orgulho da própria identidade. Ser gaúcho é carregar no peito o conservadorismo no sentido mais nobre da palavra: conservar o que é bom, preservar a memória, proteger as raízes para que as próximas gerações não cresçam órfãs de história.
É no chimarrão passado de mão em mão que se reafirma a hospitalidade; é no churrasco de fogo de chão que se celebra a amizade; é no toque da gaita e no giro da prenda que se enaltece a alegria. O lenço no pescoço e a bombacha não são apenas trajes típicos, mas símbolos de pertencimento, bandeiras de uma cultura que tem extremo orgulho de seu chão.
Neste 20 de setembro, a homenagem não é só aos farrapos que lutaram por ideais há quase dois séculos, mas também a cada gaúcho e gaúcha — de nascimento ou de coração — que insiste em manter acesa a chama do tradicionalismo em meio a um mundo que muitas vezes insiste em apagar memórias. O gaúcho mostra que é possível ser moderno sem abrir mão da essência, global sem deixar de ser local.
Mais do que uma data, o Dia do Gaúcho é um lembrete: quando se cultua a família, se valoriza a palavra e se honra a tradição, a cultura se torna eterna.
20 de Setembro
No vinte de setembro a chama clareia,
erguida na história, na alma campeira.
Não é só revolta, nem guerra esquecida,
é voz que proclama: tradição é vida.
Ser gaúcho é muito além de nascer,
é modo de honrar, é jeito de viver.
É conservar o que o tempo bendiz,
ser livre, ser forte, ser simples, ser feliz.
Nos galpões erguidos em tantos países,
o mate circula, a memória se avive.
Do Japão a Lisboa, ecoa o refrão:
“CTG é raiz, é chão do meu chão.”
Família reunida, respeito, valor,
o conservador guarda a força do amor.
O lenço no peito, a bombacha estendida,
contam que a tradição é chama de vida.
No toque da gaita, na voz da milonga,
a prenda rodando a saia que alonga.
O fogo de chão, a fumaça no ar,
é mundo moderno sem nunca olvidar.
E neste setembro, que a todos convida,
lembramos que ser gaúcho é mais que a lida.
É filosofia, é canto, é canção,
é levar o Rio Grande dentro do coração.