O mundo enlouqueceu? Ou só perdeu o pudor?
Dias atrás, o debate nacional era sobre bebê reborn. Gente acordando de madrugada para dar mamadeira a um boneco que não chora, não cresce e não pede faculdade. Agora, a nova fronteira da sanidade humana atende pelo nome de Hobby Dogging: passear com cachorro… invisível. Sim, invisível. Nem espírito tem. É só o nada, de coleira.
Na Alemanha , adultos perfeitamente funcionais saem às ruas puxando uma guia vazia, treinando postura, comandos e foco para um cão que só existe no PowerPoint da imaginação.
Os adeptos dizem que é disciplina, coordenação e atenção plena. Claro. Afinal, nada exige mais foco do que cuidar de algo que não existe. Elimina distrações, dizem eles. Realmente: o cachorro não late, não morde, não caga na calçada e não te ama. É a relação perfeita para os tempos modernos — zero responsabilidade, zero afeto, zero realidade.
Enquanto isso, quem observa da calçada ri, estranha, coça a cabeça e começa a desconfiar que talvez o anormal seja ele. Porque, veja bem, você ainda conversa com pessoas reais, anda sem guia e não chama o vazio de “meu companheiro”. Isso, hoje em dia, pode soar ofensivo.

Nós, meio analógicos, meio fora de moda, vamos ficando para trás. Se continuar assim, daqui a pouco quem não aderir às novas terapias alternativas — como bater papo profundo com postes, discutir traumas com semáforos ou fazer confidências abraçando uma lixeira — será diagnosticado como “desconectado da nova realidade”.
E aí virá o rótulo final: resistente ao progresso. Porque no mundo atual, a lógica virou retrocesso, o absurdo virou tendência e a sanidade… bem, essa anda sem coleira, solta por aí, tentando não ser atropelada.
Dúvida?
Por Cleomar Diesel






