Em meio à rotina das cidades brasileiras, tem muita gente que ainda costuma tratar pássaros nas calçadas e lotes,junto com outras aves estão os pombos que carregam um inimigo silencioso se espalha pelas calçadas, praças e beirais dos prédios: o de Cryptococcus neoformans, fungo causador da criptococose.
A inalação dos esporos desse fungo pode levar à infecção pulmonar e, nos casos mais graves, evoluir para meningite criptocócica, com risco de sequelas neurológicas irreversíveis ou até mesmo morte.
E tudo começa onde menos se espera: numa revoada de pombos. Sim, aquele voo aparentemente inofensivo, muitas vezes serve como um disparador biológico, espalhando poeira contaminada pelas fezes secas — invisível aos olhos, letal aos pulmões.

O problema, no entanto, vai além do biológico: é político e cultural. Prefeituras toleram ou ignoram a superpopulação de pombos. Campanhas educativas são inexistentes ou ineficazes. Enquanto isso, a população continua a alimentar essas aves, muitas vezes movida por um senso equivocado de carinho ou compaixão — sem saber que está incentivando focos de contaminação.
A criptococose é traiçoeira: não se transmite de pessoa para pessoa, não causa pânico, e não ocupa as manchetes como a dengue ou o sarampo. Mas seu efeito é devastador para quem a contrai. E o mais grave: é evitável.
Não se trata de exterminar aves — mas de políticas inteligentes de manejo urbano, educação ambiental e, sobretudo, respeito à vida humana. É hora de tirar os olhos do chão e olhar para os telhados. A ameaça está acima de nós — literalmente.






