Foi inaugurada neste sábado (19), no Parque Tecnológico da Saúde, em Curitiba, a maior biofábrica do mundo de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, conhecidos como “Wolbitos”. A unidade vai ampliar a produção em larga escala desses mosquitos utilizados no controle biológico da dengue, chikungunya e zika vírus.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Governo do Paraná, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável por desenvolver e aplicar no Brasil o Método Wolbachia. Desde 2024, essa tecnologia passou a integrar oficialmente as estratégias do Ministério da Saúde no combate às arboviroses.
A nova fábrica, administrada pela Wolbito do Brasil, tem capacidade para produzir até 100 milhões de ovos de mosquitos por semana e atenderá à demanda nacional, priorizando municípios com alto risco de transmissão. Com mais de 3,5 mil metros quadrados de área construída, a estrutura conta com equipamentos modernos para automação da criação e cerca de 70 funcionários capacitados.
Como funciona o método
O Método Wolbachia consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que, ao se reproduzirem com a população local, geram novas gerações também infectadas com a bactéria. A Wolbachia impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam dentro do mosquito, reduzindo a transmissão dessas doenças. O método não envolve modificação genética e se torna autossustentável ao longo do tempo, sem necessidade de novas liberações constantes.
Atuação no Paraná
O Paraná iniciou o uso da tecnologia em julho de 2024, nas cidades de Foz do Iguaçu e Londrina, onde aproximadamente 94 milhões de mosquitos foram liberados. As biofábricas temporárias nesses municípios foram desmontadas em maio e junho de 2025, após a conclusão dos projetos-piloto. A Sesa já iniciou tratativas com o Ministério da Saúde para garantir a continuidade e ampliação da estratégia nessas localidades, com a meta de cobrir 100% do território municipal.
Enfrentamento das arboviroses
A nova biofábrica reforça o compromisso do Governo do Paraná com o enfrentamento das arboviroses. Desde 2019, o Estado atua por meio do Comitê Intersetorial de Controle da Dengue, promovendo ações integradas com os municípios, como capacitação de profissionais de saúde, campanhas educativas, mutirões de limpeza, aplicação de inseticidas (fumacê) e atendimento clínico especializado.
De acordo com o boletim epidemiológico da Sesa, divulgado em 15 de julho, o Paraná já contabiliza em 2025 85.611 casos confirmados de dengue e 107 óbitos. Também foram confirmados 5.135 casos de chikungunya e cinco mortes. Para zika vírus, não houve registro de casos ou mortes até o momento.
Projeção nacional
A expectativa é que a nova fábrica possa beneficiar cerca de 140 milhões de brasileiros nos próximos 10 anos, com a liberação dos Wolbitos em diferentes regiões do país. O investimento em inovação, que inclui um aporte de R$ 2,7 milhões para mapear e impulsionar novas tecnologias na saúde pública, reforça o protagonismo do Paraná no combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
Atualmente, o método Wolbachia já foi implementado em oito cidades brasileiras: Niterói (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Campo Grande (MS), Joinville (SC), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). A seleção dos municípios é feita pelo Ministério da Saúde, com execução da Wolbito do Brasil e apoio da Fiocruz.