O governo brasileiro cometeu um equívoco estratégico ao escolher Belém como sede da COP30. A capital paraense, apesar de sua importância simbólica na Amazônia, não possui a estrutura necessária para receber um evento desta magnitude sem gerar gargalos logísticos e custos exorbitantes. A conta já começa a aparecer: a menos de três meses do início, apenas 47 dos 196 países confirmaram hospedagem, e a ONU pressiona o Brasil para bancar parte das despesas de delegações de nações em desenvolvimento.
Eis o ponto central: por que o Brasil deve pagar para que venham aqui nos engessar ainda mais? A narrativa de que esses encontros internacionais servem para valorizar o Brasil como guardião do meio ambiente cai por terra diante da realidade. A maioria dos países não atravessa o Atlântico para reconhecer o papel crucial do Brasil na preservação da Amazônia — eles vêm para ditar regras, impor restrições e criar novos mecanismos que travam nosso desenvolvimento em nome de uma agenda global que pouco considera os povos da floresta.
O custo de hospedagens em Belém se tornou a desculpa perfeita para expor a fragilidade da decisão política. Faltam hotéis, sobram preços abusivos e multiplicam-se as cobranças por subsídios. Em meio a esse impasse, o governo já recusa pagar hospedagens diretamente, mas estuda formas de bancar parte da conta sem usar recursos públicos. O problema é que, no fim, a fatura sempre cai no colo do contribuinte.
É legítimo o debate sobre meio ambiente, mas a ingenuidade política cobra preço alto. Enquanto os chefes de Estado pousam em aviões movidos a querosene e discursam sobre sustentabilidade, comunidades amazônicas seguem sem saneamento, energia confiável e oportunidades de desenvolvimento.
Escolher Belém para a COP30 foi uma jogada de efeito político, mais uma mostra da incompetência deste governo que não acerta em nada. No fim, o Brasil corre o risco de organizar a festa, pagar parte do banquete e ainda sair como o vilão.