Investimento estadual permitirá à UFPR produzir sementes de ostra com alta precisão e oferecer suporte técnico a cerca de 500 produtores
O Governo do Estado liberou nesta terça-feira (25), em Guaratuba, no Litoral do Paraná, um aporte de R$ 3 milhões para a implantação de um laboratório dedicado à pesquisa e produção de sementes de ostra cultivada. A nova unidade será instalada no Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Pontal do Paraná, fortalecendo a cadeia produtiva da maricultura e ampliando a capacidade científica do Estado. Os recursos são do Fundo Paraná, gerido pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).
A Fundação Araucária será responsável pelo repasse financeiro à Fundação de Apoio da UFPR (Funpar), que cuidará de toda a execução administrativa do projeto. Já o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) e a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), vinculados à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), atuarão em ações de capacitação, monitoramento de toxinas, apoio à distribuição de sementes e melhoria das práticas produtivas.
Apresentado ao Estado em dezembro do ano passado, o projeto vai estruturar um sistema moderno para produção de sementes de ostras adaptadas ao ambiente do litoral paranaense. O material será disponibilizado aos maricultores de Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Matinhos, Paranaguá e Pontal do Paraná. Entre as inovações, estão um aplicativo para acompanhar o desenvolvimento das sementes e o uso de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para automatizar processos e otimizar o cultivo.
Do investimento total, R$ 1,14 milhão será usado para a compra de equipamentos de última geração, como sistemas de tratamento e filtragem de água, sensores ambientais, microscópios de alta precisão e um conjunto de desinfecção ultravioleta capaz de ajustar a temperatura da água conforme cada etapa produtiva. Os outros R$ 1,85 milhão serão destinados ao custeio do projeto, incluindo R$ 562 mil para a concessão de 14 bolsas de iniciação científica, mestrado, pós-doutorado e apoio técnico, com duração de um a três anos.
Para o secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Nelson Bona, o investimento garante que a pesquisa acadêmica gere impacto direto no setor produtivo. “Esse financiamento faz com que o trabalho da universidade atenda às demandas da sociedade, pois a iniciativa partiu de um pedido dos produtores de ostras do litoral, que buscaram a instituição e mobilizaram o governo nessa colaboração científica”, afirma.


Estrutura avançada
O laboratório será dividido em setores responsáveis pelas fases iniciais da vida das ostras, pela produção do alimento consumido pelos moluscos, pela preparação dos reprodutores e pelo crescimento inicial das sementes. A estrutura reunirá tecnologias de automação, sensores de qualidade da água e sistemas de recirculação controlados por equipamentos que permitem o funcionamento contínuo do laboratório, independentemente da época reprodutiva natural.
Coordenador da ação pelo Centro de Estudos do Mar, o professor Francisco José Lagreze Squella destaca o impacto da tecnologia na produção. “Com o aplicativo baseado em IA, os produtores poderão acompanhar o crescimento das sementes por imagem, receber alertas de manejo e acessar dados de qualidade da água, enquanto o laboratório mantém controle preciso dos lotes e estabelece condições para aprimorar as sementes e desenvolver pesquisas com outras espécies de moluscos”, explica.
O projeto também prevê sistemas de visão computacional capazes de analisar imagens e monitorar o crescimento das sementes, além de algoritmos que otimizam a alimentação das larvas e ajustam variáveis como temperatura, salinidade e luminosidade. A expectativa é que essas ferramentas permitam decisões baseadas em dados e ajudem a desenvolver linhagens de ostras com maior desempenho e taxa de sobrevivência.
Impactos esperados
Pesquisas da UFPR indicam que o uso de reprodutores da própria região melhora o desempenho das sementes e torna o cultivo mais eficiente e sustentável, contribuindo para a recuperação de populações naturais de ostras. O laboratório deve aumentar a previsibilidade do trabalho de cerca de 500 produtores paranaenses, que hoje dependem da coleta de sementes em manguezais.
Outra vantagem é a possibilidade de identificar situações sanitárias adversas e manter a produção ao longo de todo o ano com mais segurança.
Extensão e pesquisa
Além de produzir sementes, o laboratório funcionará como polo de capacitação, com oferta de cursos, oficinas, apostilas e atividades práticas que aproximam a universidade do setor produtivo. Também estão previstas publicações científicas e a realização de seminários para troca de experiências com outros centros de pesquisa.
Bolsistas e pesquisadores de graduação e pós-graduação poderão desenvolver estudos inéditos envolvendo automação e inteligência artificial aplicadas à produção de moluscos.






