O Litoral do Paraná amanheceu visivelmente transformado nesta quarta-feira (8). Um barranco com mais de dois metros de altura se formou na Praia Brava, em Matinhos, alterando de maneira drástica a paisagem da orla. O paredão de areia é resultado direto da forte ressaca que atingiu a região nos últimos dias, provocada pela ação dos ventos e pela maré alta.
A área afetada é justamente uma das que passaram por revitalização recente. Em 2022, o Governo do Estado concluiu a obra de alargamento da orla de Matinhos, um dos maiores projetos de recuperação costeira do país. A faixa de areia foi ampliada em até 100 metros ao longo de 6,3 quilômetros, entre o Canal da Avenida Paraná e o Balneário Flórida. Agora, o fenômeno natural serve de alerta sobre a força e a imprevisibilidade do mar, mesmo em áreas tecnicamente planejadas para resistir a eventos climáticos intensos.
Enquanto no Paraná os danos são mais pontuais, em Santa Catarina os prejuízos são muito maiores e mais abrangentes. O estado vizinho enfrenta há dias os efeitos da ressaca, que vem destruindo estruturas e comprometendo orlas inteiras. Segundo Frederico Rudorff, gerente de monitoramento e alerta da Defesa Civil catarinense, a combinação de maré alta, lua cheia e ventos fortes já levou ao menos sete municípios a decretarem situação de emergência em 2025.
Desde março deste ano até esta quarta (8), as cidades de Passo de Torres, Balneário Barra do Sul, São Francisco do Sul, Garopaba, Itapoá e Barra Velha já haviam emitido comunicados oficiais à Defesa Civil. Na terça (7), Itapema, que possui o segundo metro quadrado mais caro do país para construções, também publicou decreto de emergência.
Além dessas localidades, Florianópolis — que recentemente concluiu obras de alargamento semelhantes às de Matinhos — também enfrenta sérios danos e estuda decretar emergência. Na Praia dos Ingleses, o mar avançou sobre 12 imóveis e destruiu cerca de 300 metros da faixa de areia recuperada em 2023.
“Nós temos maré alta associada à lua cheia, o que amplifica a altura das ondas. Também há o vento sul, que empurra a água para o litoral, e o mar agitado, com ondas acima de 1,5 metro”, explicou Rudorff.
Os fenômenos observados reforçam a necessidade de monitoramento constante e planejamento costeiro integrado entre os estados, já que eventos como o atual tendem a se tornar mais frequentes com o avanço das mudanças climáticas e o aumento do nível do mar.