Sessão tensa e simbólica — e a oposição reconhece: “Não é o que queríamos, mas é o possível
Brasília viveu mais uma madrugada de tensão política nesta quarta-feira (10). A Câmara dos Deputados aprovou o chamado PL da Dosimetria, que reduz as penas dos condenados pelos atos de 8 de Janeiro — incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente sentenciado a 27 anos e 3 meses acusados de golpe de Estado. A medida segue agora para o Senado.
A votação expôs, mais uma vez, o ambiente dividido do Parlamento. O texto-base foi aprovado às 2h27, com 291 votos favoráveis e 148 contrários. Sete destaques foram analisados na sequência; nenhum deles foi acatado. A sessão só encerrou às 3h54, depois de horas de discursos inflamados, tentativas de obstrução e acusações de ambos os lados.
Parlamentares ouvidos pela Gazeta Informativa resumiram o sentimento da oposição com uma frase que ecoou pelos corredores:
“Não é o que a oposição queria, mas foi o que foi possível neste momento.”
Um dia de confrontos — dentro e fora do regimento
O PL foi pautado às pressas pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A terça-feira já havia sido conturbada após a retirada à força do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) do plenário, ao protestar contra sua própria cassação, prevista para ser votada nesta quarta.
Mesmo com a indignação da base governista — que acusou Motta de tentar aprovar tudo “na calada da noite” — o plenário rejeitou a retirada de pauta e os pedidos de adiamento. Petistas ainda denunciaram a proximidade do recesso e criticaram a pressão política vinda da direita, que insiste em vincular qualquer avanço no tema às declarações recentes de Flávio Bolsonaro, que condicionou sua desistência eleitoral à anistia do pai.
Oposição comemora, mas admite: ainda falta muito
Enquanto a direita celebrou a aprovação como uma vitória parcial, muitos parlamentares lembraram que o objetivo final continua sendo a anistia plena dos envolvidos. Para a oposição, o projeto representa um passo importante para reverter o que chamam de “punições desproporcionais” impostas pelo STF — porém, longe de encerrar a batalha política e jurídica em torno do 8 de Janeiro.
Nas palavras de um deputado ouvido reservadamente:
“Não é o ideal. Mas é a primeira fresta de luz depois de dois anos de injustiças.”
Com a votação concluída, o próximo capítulo agora está nas mãos do Senado, que decidirá se avança ou se barra um dos temas mais sensíveis e polarizados do país.






