Sem discursos inflamados ou anúncios oficiais, a política costuma revelar seus movimentos mais importantes nos gestos, nas presenças e, sobretudo, nas palavras cuidadosamente escolhidas. Foi assim nesta segunda-feira (15), em Santa Felicidade, quando o retorno do ex-senador Álvaro Dias ao MDB acabou funcionando como pano de fundo para algo maior: a consolidação de Ratinho Junior como uma liderança que começa a extrapolar as fronteiras do Paraná.
Na tradicional Cascatinha, lotada por militantes históricos do MDB e por figuras centrais do governo estadual, Álvaro Dias fez algo raro em tempos de vaidades políticas: abriu mão do protagonismo para apontar um caminho. Ao defender, com firmeza, uma eventual candidatura de Ratinho Junior à Presidência da República, o ex-senador não falou apenas ao partido, mas à classe política que busca alternativas.
O discurso foi direto, mas carregado de simbolismo. Ao falar em “equilíbrio”, “refundação da República” e na rejeição do velho “complexo de vira-lata”, Álvaro deixou claro que vê no governador do Paraná um projeto que dialoga com o Brasil real .Os aplausos não foram protocolares. Foram de concordância.
Ratinho Junior, por sua vez, manteve o tom que tem marcado seu governo: serenidade, institucionalidade e foco no resultado. Ao valorizar o MDB como partido do equilíbrio e ressaltar a importância histórica de Álvaro Dias, o governador reforçou uma mensagem que vem sendo construída ao longo dos últimos anos — a de que governar bem também é saber unir, respeitar trajetórias e construir pontes.
Não é coincidência que o evento tenha reunido secretários estratégicos, o presidente da Assembleia Legislativa e o prefeito de Curitiba. A fotografia política da noite revela mais do que alianças momentâneas: mostra um governador que, sustentado por índices positivos de gestão e por um Paraná em ritmo de investimentos e estabilidade, passa a ser visto como opção viável por diferentes campos da política.
A lembrança dos “pés vermelhos” no Palácio Iguaçu — ontem com Álvaro, hoje com Ratinho — foi mais do que uma metáfora afetiva. Foi um recado de continuidade, renovação e identidade. Um Paraná que aprendeu a se enxergar como protagonista e não mais como coadjuvante no debate nacional.
Sem lançar candidatura, sem romper discursos, Ratinho Junior vai acumulando algo raro na política brasileira: confiança. E, como se sabe, é justamente ela que permite voos mais altos quando o momento chega.






