Governadores do Sul e Sudeste se reúnem em Curitiba para debater clima e, discretamente, o futuro político do Brasil

No próximo dia 19, Curitiba se tornará palco não apenas de um debate ambiental, mas também de uma prévia silenciosa da disputa presidencial de 2026. Os governadores das regiões Sul e Sudeste se reúnem na capital paranaense para a 13ª edição do Cosud — Consórcio de Integração Sul e Sudeste — com um tema nobre na pauta: a preservação da Mata Atlântica. Mas, nos bastidores, o clima será de articulação política.

Participam do encontro Ratinho Junior (Paraná), Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), Jorginho Mello (Santa Catarina), Renato Casagrande (Espírito Santo) e Cláudio Castro (Rio de Janeiro). Na agenda oficial, está prevista uma conferência pré-COP, que resultará em um documento a ser enviado ao presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, e ao governo federal, reforçando a importância da Mata Atlântica para o Brasil.

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima ocorrerá em novembro, em Belém, e o governo Lula aposta alto no evento como vitrine internacional. Mas o Cosud em Curitiba mostra que os estados do Sul e Sudeste também querem ter voz — e protagonismo — nas decisões ambientais globais.

Política no ar (e na pauta)
Entre os sete governadores, quatro são potenciais candidatos ao Planalto em 2026: Ratinho Junior, Tarcísio, Zema e Eduardo Leite. A conferência ambiental se converte, portanto, em vitrine política. Afinal, cada gesto ambiental também pode ser um gesto eleitoral.

O documento que será enviado à COP30 terá peso técnico, sim, mas também carrega simbolismo político: os governadores das regiões mais industrializadas do país — responsáveis por grande parte do PIB nacional — querem mostrar que têm soluções próprias, que podem ser diferentes do discurso oficial de Brasília.

União regional como recado nacional
O Cosud nasceu com o objetivo de integrar políticas públicas entre os estados do Sul e Sudeste, mas vem ganhando contornos mais amplos. O que antes era apenas uma troca de experiências em áreas como segurança pública, saúde e educação, hoje já se transforma em plataforma de posicionamento político coletivo.

Reunidos em Curitiba, os governadores mostram que têm uma pauta comum — inclusive a ambiental — e que não pretendem abrir espaço para o monopólio narrativo do governo federal. Belém pode até ser o palco da COP30, mas Curitiba será, neste mês, o centro do ensaio geral do xadrez político de 2026.