À medida que o pleito se aproxima, a paisagem política vai revelando sua lógica implacável: as pedras se acomodam conforme o tabuleiro exige. Quem tem mais viabilidade eleitoral atrai apoios — diretos, discretos ou silenciosos. É o jogo!
O assunto do momento é o do deputado federal Pedro Lupion. Como publicam os sites especializados, ele já carrega no bolso a carta de desfiliação do PP, assinada pela presidente estadual da sigla, Maria Victoria Barros. O destino está definido: Republicanos. Falta apenas um gesto burocrático — a homologação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — para evitar dores de cabeça jurídicas no futuro.
E não será uma filiação qualquer. Lupion chegará para assumir a presidência do Republicanos no Paraná. A executiva será formada com nomes ligados ao presidente da Alep, Alexandre Curi (PSD), o que garante que o mando político — mesmo em outra sigla — continue orbitando o grupo de Curi. No xadrez, chama-se isso de “manter o rei protegido enquanto se troca o castelo”.
A carta de desfiliação, assinada e amistosa, é um gesto político calculado. Mostra que Lupion sai pela porta da frente, sem brigas, sem cenas, sem trauma. Ricardo Barros, líder do PP, compreende que certas movimentações são naturais quando se avista a próxima eleição no horizonte. Nem tentou criar obstáculos. Até porque, brigar com quem pode ser útil amanhã nunca foi uma estratégia inteligente.
Lupion até foi aventado por Barros como potencial candidato ao Senado em 2026, mas decidiu trilhar caminho próprio: quer mesmo é renovar o mandato na Câmara Federal, com mais autonomia e capital político dentro do Republicanos.
No Palácio Iguaçu, o movimento foi observado e abençoado. Ratinho Junior não apenas estava ciente das conversas como deu sinal verde. Por quê? Porque essa dança tem efeito colateral: a saída de Lupion enfraquece o PP, o que atinge, por tabela, qualquer projeto futuro que dependa da força da legenda — inclusive um eventual voo de Sérgio Moro pela federação União-Progressistas.
No governo, qualquer iniciativa que desidrate o PP vem acompanhada de tapinha nas costas e cafezinho quente. O cálculo é simples: quem perde densidade eleitoral perde espaço de negociação — e quem ganha musculatura, atrai apoios. Nas siglas, ninguém está trocando de partido por poesia ou ideologia; quem tem janela legal aproveita o vento.
No final das contas, Lupion não está mudando apenas de partido. Está marcando posição no tabuleiro que se arma para 2026. E como toda boa jogada de xadrez, ela foi silenciosa, estratégica e combinada entre poucas peças. O resto do jogo, como sempre, vai seguir a lógica do instinto: quem tem força, ganha companhia.