No tabuleiro político que começa a se desenhar para as eleições presidenciais de 2026, três governadores despontam como potenciais candidatos da direita: Ratinho Júnior (Paraná), Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Ronaldo Caiado (Goiás). Todos participaram nesta semana de um evento promovido pela XP Investimentos, onde, diante de uma plateia formada por empresários e investidores, foram uníssonos na crítica ao governo Lula pela demora na reação ao tarifaço imposto pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros.
Apesar de se colocarem como presidenciáveis, a viabilidade concreta das candidaturas de Ratinho Jr, Tarcísio e Caiado está diretamente atrelada à situação jurídica de Jair Bolsonaro. Se o ex-presidente conseguir reverter sua inelegibilidade, ele continua sendo o nome natural da direita. Mas, se for impedido de disputar, abre-se espaço para a consolidação de um novo nome — e é justamente nesse vácuo que os três governadores se movimentam.
Além da identidade ideológica comum e do vínculo direto ou simbólico com o bolsonarismo, os três compartilham um perfil considerado técnico, voltado à gestão, com forte conexão com o setor produtivo, agronegócio e o mercado financeiro. Essa imagem foi reforçada no evento da XP, onde foram ovacionados ao defenderem “menos ideologia e mais resultados”, traduzindo o discurso que os investidores e empresários querem ouvir.
Ratinho Jr talvez tenha sido o mais estratégico dos três. Ao criticar diretamente a política externa do governo Lula e a proposta de desdolarização do comércio internacional, classificando-a como “falta de inteligência”, posicionou-se como um gestor racional e pragmático. “O governo não sabe onde quer chegar”, afirmou, sugerindo que o Brasil vive mais de discursos do que de ações concretas. Ao mesmo tempo, manteve um tom menos bélico do que o de outros líderes da direita, mirando em um eleitorado mais moderado, mas sem perder o vínculo com o bolsonarismo.
Com uma base sólida no Paraná, impulsionada por crescimento industrial e investimentos estratégicos, Ratinho Jr se apresenta como um nome com potencial de transitar entre o eleitorado conservador e o centro político. Filho de um dos comunicadores mais populares do Brasil, alia habilidade midiática a um discurso empresarial, característica que pode ser decisiva em uma campanha nacional.
Tarcísio de Freitas, por sua vez, reforçou seu perfil técnico e sua proximidade com o empresariado paulista, enquanto Caiado segue se apresentando como um líder de raiz conservadora, com forte influência no Centro-Oeste e no agro.
A crítica comum à falta de “responsabilidade prática” do governo federal revela que os três governadores já operam em escala nacional, testando discursos e consolidando alianças com setores estratégicos.
A corrida presidencial de 2026, no campo da direita, depende ainda de fatores judiciais e políticos. Mas se Bolsonaro estiver fora do jogo, Ratinho Jr, Tarcísio e Caiado são hoje as peças mais bem posicionadas para liderar a reconstrução de uma direita viável — cada um com seu estilo, mas com um objetivo comum: ocupar o espaço deixado pelo ex-presidente e desafiar o domínio do lulismo nas urnas.