Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (17) pelo Instituto Neokemp divulgada pela Gazeta do Povo, mostrou aquilo que muitos já intuíram, mas poucos diziam abertamente: Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato e atual senador, lidera com folga a corrida pelo Palácio Iguaçu em 2026. Nos três cenários testados, Moro aparece com vantagens que superam os 20 pontos percentuais sobre seus possíveis adversários. É uma liderança sólida — mas também é sintomática.
O que impressiona não é apenas a posição de Moro, mas a fragilidade política de seus concorrentes. Requião Filho (PDT), Rafael Greca (PSD), Alvaro Dias (Podemos), Alexandre Curi (PSD), Ênio Verri (PT), Beto Richa (PSDB) e Guto Silva (PSD) são nomes conhecidos — mas ainda não decolaram.
Mesmo com todos os ataques contra a Lava Jato, Sergio Moro mantém capital político entre os paranaenses. Sua imagem de “caçador de corruptos” ainda ressoa — especialmente em um estado tradicionalmente conservador, urbano e desconfiado das estruturas partidárias clássicas. O eleitorado vê em Moro alguém “de fora do sistema”, apesar de ele já estar político há algum tempo.
E os números são claros: no cenário de segundo turno, Moro vence todos os oponentes com mais de 50% dos votos, mesmo somando nulos e indecisos. Contra Requião Filho, tem o maior desempenho (54,4% x 20,1%). Nem o atual prefeito de Curitiba, Rafael Greca, nem o articulador do PSD na Assembleia, Alexandre Curi, conseguem ultrapassar os 25% nas simulações de segundo turno.
Oposição fragmentada, esquerda apagada
Outro dado que mostra que a esquerda está muito enfraquecida . Ênio Verri (PT) aparece mal nas pesquisas, oscilando entre 3% e 5%. O nome de Requião Filho, embora herde a força simbólica do sobrenome, parece patinar em um eleitorado órfão de discurso firme e carisma próprio. Beto Richa, envolvido em múltiplas controvérsias no passado, é uma carta velha de um baralho que o eleitor parece cansado de jogar.
A oposição a Moro, até aqui, é difusa, desorganizada e sem narrativa. Nem mesmo a tradicional força dos prefeitos e das máquinas partidárias do interior parece ter ainda encontrado um nome para chamar de seu. Falta voz. Falta projeto. Falta ousadia.
Ainda há muito tempo até 2026. Mas, se as eleições fossem hoje, Sergio Moro estaria com um pé no Palácio Iguaçu — e isso não por seus grandes feitos políticos até aqui, mas pela ausência quase total de alternativas convincentes. O eleitor paranaense, exigente e politizado, parece preferir um outsider consolidado a repetir os mesmos rostos de sempre — por mais que alguns deles tenham currículo e lastro.
A pesquisa Neokemp não fecha a disputa. Mas abre um alerta para todos que pensavam que a eleição de 2026 seria um passeio para os partidos tradicionais do Paraná. Não será. E, se continuar assim, poderá ser um passeio sim — mas para Moro.
Se alguém quiser tirar o senador da dianteira, terá que começar logo. Porque, até agora, o único projeto de poder com alguma forma e força visível é o dele.
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