Na manhã desta quarta-feira (6), um capítulo importante da política interestadual brasileira chega ao fim. Os governadores Carlos Massa Ratinho Junior (PR) e Jorginho Mello (SC) assinam, com aval do Supremo Tribunal Federal (STF), o acordo que encerra uma disputa judicial de 40 anos entre Paraná e Santa Catarina pelos royalties do petróleo. Mais do que isso: o desfecho simboliza uma jogada de mestre do governador paranaense, que mostra mais uma vez habilidade política e visão estratégica.
Pelo acordo, o Paraná arca com a duplicação da rodovia SC-417 — ligação vital entre Guaratuba (PR) e Garuva (SC), até o trevo da BR-101 — em um investimento estimado em R$ 300 milhões. A rodovia, por onde passam diariamente milhares de veículos, é hoje um dos principais gargalos logísticos do litoral paranaense, especialmente na alta temporada.
Ou seja, Ratinho Junior matou dois coelhos com uma cajadada só: quitou uma dívida histórica com o estado vizinho e, de quebra, resolveu uma demanda urgente da população local e dos turistas que frequentam o litoral do Paraná. A obra não apenas cumpre o acordo judicial, mas entrega resultados práticos que impactam diretamente a mobilidade e o desenvolvimento regional.
A disputa teve origem na definição equivocada feita pelo IBGE sobre a localização dos campos de petróleo. Embora atribuídos ao Paraná, os campos estavam, de fato, em território catarinense. Em 2020, o STF deu ganho de causa a Santa Catarina, reconhecendo o direito ao ressarcimento. A partir daí, a tensão entre os estados caminhava para um impasse — até que a política falou mais alto.
Foi durante a 12ª reunião do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), no fim de 2024, que a solução começou a ganhar forma. Em outubro, o STF autorizou a formalização do acordo direto entre os governos. Desde então, uma série de reuniões técnicas e políticas culminou no desfecho desta quarta-feira. A mais recente, em junho de 2025, em Curitiba, já indicava que o entendimento era questão de tempo.
As obras na SC-417 devem começar ainda neste segundo semestre e têm previsão de conclusão em até 12 meses — uma entrega rápida para um problema antigo. O simbolismo do acordo vai além do traçado da estrada: representa uma forma madura e inteligente de resolver conflitos federativos, sem embates desgastantes ou vaidades políticas.
Ratinho Junior, ao buscar o entendimento e propor uma solução que gera ganhos concretos para o Paraná, mostra mais uma vez que governa com os pés no chão, mas com os olhos no futuro. Em tempos de polarização e paralisia institucional, a boa política ainda dá sinais de que pode — e deve — prevalecer.
Por Cleomar Diesel