O Brasil vive um momento de contradição no tratamento do diabetes. Após anos em que pacientes comemoraram a chegada das canetas de insulina descartáveis, mais práticas, seguras e modernas, agora muitos se veem obrigados a voltar às seringas reutilizáveis. Para pacientes e especialistas, trata-se de um verdadeiro retrocesso.
Em praticamente todos os municípios brasileiros diabéticos já ficaram sem as canetas e foram orientados a voltar para o uso de seringas — método antigo, mais desconfortável e menos preciso.
No Paraná, a situação também é preocupante. A própria Secretaria de Saúde admitiu que há falta de canetas de insulina no estado, ainda sem previsão de regularização. A única garantia feita pelo órgão é que a insulina em frascos — no formato tradicional, aplicada com seringas — não está em falta. Ou seja, pacientes são empurrados de volta a um método que deveria estar ficando no passado, e não sendo retomado em pleno 2025.
A situação expõe um problema ainda maior: a incapacidade do país em manter avanços no atendimento básico de saúde.
Aos olhos da população, não há como negar: estamos andando para trás. Depois de experimentar a praticidade das canetas descartáveis, voltar às seringas é uma afronta à dignidade dos pacientes. “É como se dissessem para nós que nossa vida não importa, que temos de nos virar com o que sobra”, desabafa um paciente ouvido pela reportagem.
Se o país não consegue sustentar avanços simples e comprovadamente eficazes no cuidado de uma doença tão prevalente, como esperar que alcance níveis de excelência em áreas mais complexas da saúde? O que se vê, neste momento, é um Brasil que, em vez de avançar, volta a práticas ultrapassadas — e deixa seus cidadãos mais vulneráveis