Policiais rodoviários estaduais do Paraná são alvo, nesta terça-feira (7), de duas operações deflagradas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR). Pelo menos dez policiais foram afastados das funções — nove da região de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e um de Guaraniaçu, no Oeste do estado.
As ações resultaram também no cumprimento de um mandado de prisão contra um policial lotado no batalhão regional de Guarapuava e em 30 mandados de busca e apreensão em cidades das regiões de Ponta Grossa e Guarapuava.
Segundo o Gaeco, os agentes são investigados por concussão, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As investigações apontam que os policiais exigiam dinheiro de motoristas para evitar a aplicação de multas em rodovias estaduais. A maioria das vítimas seria caminhoneiros que trafegavam pela região. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados oficialmente.
Duas operações: “Rota 466” e “Via Pix”
Os mandados fazem parte da segunda fase da operação Rota 466 e de uma nova frente batizada de Via Pix. De acordo com o MP-PR, os policiais cobravam propina de condutores flagrados por infrações de trânsito e de profissionais que atuavam no resgate de cargas tombadas. Parte do dinheiro era movimentada por meio de contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas utilizadas para lavar os valores recebidos de forma ilícita.
Um dos alvos é um ex-comandante do Posto de Polícia Rodoviária de Guarapuava, já investigado na primeira fase da operação. Ele foi preso preventivamente após o surgimento de novas provas que indicam o recebimento de pelo menos R$ 47 mil em propina, além de tentativa de obstrução das investigações.
As apurações começaram após denúncias de motoristas profissionais da região de Piraí do Sul, que relataram estar sendo extorquidos por policiais rodoviários. De acordo com o MP-PR, o esquema envolvia uma estrutura organizada de corrupção e lavagem de dinheiro, com participação de policiais, empresas e civis.
As propinas eram cobradas durante abordagens e fiscalizações, sob pretextos diversos e, muitas vezes, sem qualquer base legal. O pagamento era exigido em espécie ou via transferências por PIX, frequentemente destinadas a contas “laranjas”. Até o momento, quase uma centena de motoristas foi identificada como vítima e parte delas já prestou depoimento.
Mandados e afastamentos
Na segunda fase da operação “Rota 466”, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, três mandados de busca pessoal, um mandado de prisão e ordens de arresto de bens e bloqueio de contas bancárias. As ações ocorreram nas cidades de Guarapuava, Imbituva, Ponta Grossa, Laranjeiras do Sul, Guaraniaçu e Pitanga.
A Vara da Auditoria da Justiça Militar Estadual também determinou o afastamento das funções operacionais de sete policiais rodoviários estaduais e o bloqueio de contas bancárias. Segundo o MP-PR, o objetivo é aprofundar as investigações sobre três novos policiais suspeitos, dois deles da Polícia Rodoviária Estadual.
O que diz a Polícia Militar
Em nota oficial, a Polícia Militar do Paraná confirmou a operação e afirmou que a Corregedoria-Geral acompanha todas as diligências de forma presencial, garantindo transparência e legalidade.
“A Polícia Militar do Paraná informa que, na manhã desta terça-feira (07/10), o Gaeco — força-tarefa composta pelo Ministério Público, Polícia Militar e Polícia Civil — deflagrou uma operação nos municípios da região dos Campos Gerais e Centro-Sul do Estado. O trabalho foi conduzido pelos núcleos do Gaeco de Ponta Grossa e Guarapuava, com apoio irrestrito da Corregedoria-Geral da PM e participação ativa do Comando Regional em Ponta Grossa (CRPM). Até o momento, dez militares estaduais foram afastados e um mandado de prisão foi cumprido. Outras informações serão divulgadas exclusivamente pelo Ministério Público do Paraná”, diz a nota.
As investigações seguem em andamento.