O Ministério Público do Paraná, por meio do núcleo de Maringá do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou nesta quinta-feira (26) a Operação Visão, com o objetivo de desarticular um esquema de fraudes sistêmicas em processos de obtenção e renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) junto ao Detran-PR.
Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva, quatro de monitoração eletrônica, 14 de busca e apreensão, além do afastamento de quatro servidores públicos e da suspensão das atividades de uma clínica médica suspeita de forjar laudos de aptidão visual.
As ordens judiciais foram expedidas pelas varas criminais de Sarandi, Santa Fé e Engenheiro Beltrão, e os alvos estão distribuídos nas cidades de Sarandi, Maringá, Santa Fé, Centenário do Sul, Lupionópolis, Engenheiro Beltrão, Peabiru e São Jorge do Ivaí. A operação contou com o apoio da chefia e da Unidade de Inspeção e Auditagem do Detran desde o início das investigações.
Fraudes em exames médicos e teóricos
As investigações começaram entre setembro de 2024 e o início de 2025, após indícios de irregularidades na aplicação de exames teóricos e médicos para a renovação de CNH em unidades do Detran nas cidades de Sarandi e Engenheiro Beltrão. Uma clínica em Centenário do Sul é apontada como peça central do esquema: pessoas com limitações visuais reprovadas em exames oficiais eram posteriormente consideradas aptas ao passarem pela clínica investigada.
Durante o cumprimento das ordens judiciais, também foi identificado e fechado um Centro de Formação de Condutores (CFC) clandestino.
Médico preso em flagrante por posse ilegal de armas
Um médico envolvido no esquema foi preso em flagrante por posse ilegal de armas de fogo. Ele e outros servidores públicos são suspeitos de falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva e associação criminosa. Um dos investigados possui quatro condenações definitivas e responde a duas ações penais por crimes contra o Detran. Outro alvo já é réu em três ações por fraudes similares.
“Operação Visão”
O nome da operação faz alusão às fraudes em exames de visão: motoristas reprovados por limitações visuais conseguiam renovar a habilitação com laudos falsificados, colocando em risco a segurança viária.
O Ministério Público segue com as investigações para identificar todos os envolvidos no esquema, que operava de forma articulada entre médicos, servidores públicos e empresas privadas do setor de trânsito.